Margarida Gutierrez é entrevistada pelo portal de notícias HUFFPOST em matéria sobre como o Plano Marshall ajudaria na pandemia do novo coronavírus

Portal: Huffpost
Data: 24/03/2020

 

O que foi o Plano Marshall e como ele ajudaria na pandemia do coronavírus

“A engenharia de política econômica exigida neste momento de pandemia de coronavírus é muito maior do que foi no Plano Marshall”, afirma especialista.

A possibilidade de desemprego recorde em decorrência dos impactos na economia da pandemia de coronavírus tem feito economistas pedirem a reedição de um “Plano Marshall”. Sem um pacote como esse, o presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, estima em 40 milhões de brasileiros sem emprego — hoje são 11,6 milhões.

“Precisamos de um plano Marshall, uma bomba atômica, para que o Brasil não entre em caos social”, disse Benchimol. A declaração foi feita em live no domingo (22) com a participação de empresários e investidores.

Afinal, o que foi o Plano Marshall?

Em resumo, o plano foi a estratégia adotada pelo governo americano para ajudar a reconstruir países europeus aliados devastados pela Segunda Guerra Mundial.

Entre 1947 e 1951, foram investidos cerca de US$ 13 bilhões (em valores da época) em indústria e produção de alimentos. Foi como uma injeção de ânimo em uma economia em falência, em 17 países, como Itália, França e Inglaterra.

A proposta teve como base montar uma estrutura para oferecer serviços sociais e criar empregos. Com os investimentos, a produção industrial e agrícola registrou crescimento acima da média do período pré-guerra.

Por que se fala em um novo ‘Plano Marshall’?

A estratégia, considerada a mais exitosa de desenvolvimento econômico da História da humanidade, no entanto, não poderia ser simplesmente replicada, segundo a economista Margarida Gutierrez. Especialista em macroeconomia do Coppead/UFRJ, ela explica que o Plano Marshall tinha o objetivo de “gastar”.

“Isso não resolve o problema hoje. Quando se fala em ‘Plano Marshall’, se fala em um pacote com essa magnitude, mas não igual”, diz.

Ela destaca que a crise atual começa com uma crise de oferta, com isolamento social, que paralisou o processo de produção e de compra. O que está gerando o esgotamento do fluxo de caixa das empresas e atingiu também o sistema financeiro. A professora explica que, como os bancos são os credores das empresas, eles ficam sem dinheiro, já que as companhias estão sem fluxo de caixa e muitas podem quebrar.

“A engenharia de política econômica exigida neste momento é muito maior do que foi no Plano Marshall. O plano foi o Estado gastar. Isso não resolve. Tem um sistema financeiro que terá sido abalado; as empresas, a maior parte terá morrido; o desemprego, a gente não consegue nem projetar.”

Para ela, os governos devem se concentrar em enxugar gastos fora das ações contra coronavírus, para tentar reduzir os impactos. “Não é hora de fazer obra. É hora de colocar todo dinheiro na saúde, reduzir inadimplência das empresas e proteger empregos”, diz.

 

Assessoria de Imprensa: Contextual Comunicação

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