Se eu não posso medir… não existe? Métricas e dilemas em ESG

Em artigo conjunto produzido para o Valor Econômico, a profª. Paula Chimenti comenta sobre métricas e dilemas em ESG.
Artigo conjunto: Profª. Paula Chimenti

Há um debate constante na academia e nas organizações sobre a necessidade de medir as coisas. Não é incomum ouvirmos a frase “se você não pode medir algo é porque não existe”. Não sabemos o que as pessoas que dizem isso pensam sobre o amor, a vida ou o valor de uma pessoa. Entretanto, precisamos reconhecer que essa é a visão prevalente. Não é difícil entender o fascínio ao redor de métricas quantificáveis. Peter Drucker é comumente citado pela frase: “Se não pode medir, não pode gerenciar”. Assim, essa mentalidade permeia organizações, consultores e pesquisadores. Vamos aos problemas que ela traz para ESG.

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Ao direcionar o foco para atender métricas quantitativas de desempenho de ESG, muitas organizações negligenciam inadvertidamente o bem-estar social amplo e vice-versa, estabelecendo um dilema. Tomemos a Tesla como exemplo. A empresa tem como missão “Acelerar a transição mundial para a energia sustentável”, sendo pioneira em inovações nos ecossistemas de mobilidade e energia. Ela tem feito isso não apenas fabricando baterias, veículos elétricos, painéis solares e software, mas também criando um ímpeto que influenciou gigantes como Volkswagen, Ford e Chevrolet. Considerando seu impacto, é de se esperar que a empresa detenha excelentes métricas de ESG, certo? No entanto, em junho deste ano, Elon Musk, CEO da Tesla, se referiu ao ESG como “o diabo” na plataforma X (antigo Twitter). Isso porque empresas de tabaco obtiveram melhores classificações que a Tesla nas métricas de ESG. E isso ocorreu não apenas para o tabaco. Empresas de petróleo e gás, grandes emissoras de gases de efeito estufa, também superam a Tesla.

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O cenário mais benéfico para a sociedade, propósito final do ESG, exige uma forte base de confiança, fé e liderança visionária. Ele incorpora um compromisso coletivo com um objetivo de longo prazo, buscando que as empresas coexistam harmoniosamente com a sociedade e o meio ambiente. E já fizemos isso antes! Há pouco mais de 30 anos, reguladores, comunidade acadêmica, organizações e sociedade civil se uniram de forma inédita contra a ameaça catastrófica da depleção da camada de ozônio causada pelos gases CFC, comumente empregados em aparelhos de ar-condicionado, freezers e aerossóis. Nesta empreitada, quem ganhou foi todo o planeta Terra e atualmente a camada de ozônio encontra-se em recuperação. Mesmo que a magnitude da mudança que a nossa sociedade demanda atualmente seja muito maior, fica um aprendizado e a inspiração.

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