A eleição que consagrou o retorno do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos promete trazer impactos nas relações diplomáticas com o Brasil e outros países. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles avaliam que o resultado fortalece nações comandadas por líderes de extrema direita e pode influenciar os conflitos em curso no Oriente Médio e no Leste Europeu.
Para Juliana Fratini, doutora em ciências sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a volta de Trump à presidência vai favorecer as relações com Israel, cujo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, é alinhado ideologicamente ao republicano. Os dois líderes conversaram nessa quarta-feira (6/11), após a vitória de Trump.
Outra figura que pode ser beneficiada é o presidente argentino, Javier Milei. A especialista pontua que, apesar de divergirem sobre questões econômicas, os dois guardam semelhanças em pautas de costumes. “Não existe um alinhamento específico, mas o Milei, assim como o Trump, é anticultura ‘woke’ e de defesa de minorias”, avalia Fratini.
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“O Trump foi um aliado do Bolsonaro no passado, e o Lula, de alguma forma, manifestou o seu posicionamento pró-Kamala, ainda durante as campanhas, o que de certo modo pode implicar ali algum tensionamento na própria relação presidencial, na diplomacia presidencial”, pondera Ariane Roder, cientista política do Coppead/UFRJ e especialista em relações internacionais.
Ela frisa ainda que tanto Lula quanto o PT ficarão atentos ao “fortalecimento da extrema direita global”.
Além de questões de ideologia no espectro político, os líderes divergem em temas relevantes ao Brasil, como a preservação do meio ambiente. “Trump tem uma característica mais negacionista em relação a essa pauta, então a tendência por parte dos Estados Unidos é um esvaziamento dessa agenda, ou seja, não participação nos foros internacionais sobre esse debate e também, de alguma forma, fazendo discursos que enfraqueçam as medidas que estão sendo adotadas”, avalia Ariane Roder.
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