
Sempre me causou estranhamento o foco excessivo da mídia especializada sobre o presidente do Banco Central, em detrimento de uma análise mais ampla sobre sua governança institucional. Esse estranhamento se intensificou com a adoção de mandatos fixos para a diretoria colegiada. Com mandatos, o cargo de presidente deixa de ser necessariamente político, já que nem ele nem os demais diretores podem ser destituídos por simples discordância com o governo eleito. O centro de gravidade da autoridade monetária passa, portanto, a ser o colegiado, que adquire o caráter de órgão de Estado — com mais estabilidade, previsibilidade e autonomia.
Ainda assim, a cobertura midiática segue concentrada na figura do presidente, como se ele conduzisse a política monetária de forma isolada, ignorando a atuação colegiada que, na prática, orienta as decisões da instituição. É preciso reconhecer que o presidente desempenha um papel relevante na comunicação com a sociedade e na articulação das diretrizes da política monetária. No entanto, sua superexposição compromete a compreensão do processo decisório e suscita duas reflexões importantes.
A primeira diz respeito ao papel do Banco Central. A instituição hoje vai muito além da política monetária, sendo peça-chave na estabilidade financeira, na regulação das finanças digitais e no avanço das finanças sustentáveis. A segunda reflexão refere-se à negligência da mídia diante do que realmente importa: a governança institucional. Ao supervalorizar indivíduos e ignorar o funcionamento técnico e coletivo das instituições, empobrece-se o debate público — e isso vale não apenas para o Banco Central, mas também para empresas, bancos, agências reguladoras, poder judiciário e todas as instituições.
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