Professor Celso Lemme no portal Investing.com sobre os fundos brasileiros com critérios em sustentabilidade

Portal: Investing.com

A agenda ESG – siga de environmental, social and corporate governance (ambiental, social e governança corporativa, em português) – conquistou o mundo dos negócios da Europa e dos Estados Unidos nos últimos anos. Com a pandemia e as notícias de grandes queimadas na região amazônica, o brasileiro também passou a olhar mais para a sustentabilidade do que consome e investe. Os últimos fenômenos climáticos têm acendido ainda mais o “alerta vermelho” emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente após a Cúpula do Clima, convocada e organizada pelos EUA nos primeiros meses do governo de Joe Biden. Os países desenvolvidos buscam alternativas para minimizar os impactos climáticos e fomentar práticas sustentáveis.

Lá fora, os fundos ESG já são consolidados e tendem a crescer mais ainda. Pesquisa elaborada a nível mundial pela BlackRock (NYSE:BLK) (SA:BLAK34) aponta uma mudança na alocação de capital. Os entrevistados planejam dobrar os seus ativos sustentáveis sob gestão nos próximos cinco anos, subindo dos atuais 18%, em média, para 37% em 2025. Dados da Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) mostram que o mercado relacionado aos investimentos sustentáveis movimentou US$ 35,3 trilhões em 2020. De acordo com Marcella Ungaretti, analista de ESG na XP (NASDAQ:XP), na Europa metade dos fundos definiram estratégias ESG. Nos Estados Unidos, 25%. No Brasil, apenas por volta 2%. Para Ungaretti, o maior desafio hoje em relação ao mercado brasileiro é dificuldade de acesso e divulgação em relação aos dados das empresas e produtos.

Estudo feito pela Morningstar revela que os fundos ESG captaram pelo menos R$ 2,5 bilhões no Brasil em 2020. No entanto, os fundos que utilizam critérios ESG para análise de risco e tomada de decisão passam por expansão nos últimos dois anos, mas ainda estão no início de uma longa jornada no país. O interesse pela agenda cresce. Segundo o estudo “A evolução do ESG no Brasil”, realizado pelo Pacto Global em parceria com Stilingue, 2020 trouxe a discussão sobre ESG em ambiente digital para um novo patamar, com volume seis vezes maior do que o ano anterior.

Rentabilidade em ESG

Na B3 (SA:B3SA3), os investidores podem ter acesso ao ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), que é o indicador do desempenho médio das empresas bem posicionadas na agenda ESG. No entanto, uma nova metodologia para os critérios será válida a partir de janeiro do ano que vem. Desde que foi criado em 2005, o ISE valorizou 294,73%, contra alta de 245,06% do Ibovespa. Segundo Igor Cavaca, gestor de investimentos da Warren, os fundos ESG vieram para ficar e apresentam diferenciais em relação aos riscos.

“Essas empresas tem performado melhor do que o resto do mercado. Empresas que levam ESG em consideração possuem um menor risco dentro das suas estruturas, como ambiental, trabalhista e reputacional e por isso valoram mais”, destaca.

Para Celso Lemme, professor de finanças e sustentabilidade do COPPEAD/UFRJ, não há resposta única e consensual se os retornos são efetivamente maiores no ESG, mas é fato que os países estão alocando mais recursos em empresas e iniciativas que possuem estratégias com esses objetivos.

“Quais são os setores que tendem a se beneficiar nessa retomada verde? Todos serão vencedores e superar qualquer outro investidor? Todos, não. Mas se os setores vão precisar se ajustar às mudanças climáticas e a regulação de políticas públicas também, há um forte indício de que, no longo prazo, os setores que olharem para isso estarão melhor posicionados para receber capital”, explica o especialista.

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