“Aposte já”, é a mensagem vista por toda parte. Os chamados vão ao encontro do usuário, seja em sites, anúncios em aplicativos, mensagens de operadoras, grupos de conversa, convites de influenciadores. As cores são chamativas e moedas animadas saltam das telas nas propagandas. Uma promessa de dinheiro fácil, irresistível.
Longe dos badalados cassinos de Las Vegas, tudo isso presente no universo das “apostas de alíquota fixa”, já muito presentes no dia-a-dia do brasileiro. As apostas de natureza esportiva foram liberadas há apenas seis anos e agora se somam às loterias estatais como as únicas formas de jogo de azar liberadas no País.
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No auge da crise é possível apontar culpados?
Por definição, uma pandemia acontece quando uma doença infecciosa que se espalha indiscriminadamente entre a população de grande região geográfica. Com os dados levantados até agora, é possível falar em uma crise que é econômica, sanitária e política. Mas quem é o paciente zero da epidemia de apostas?
O professor de Finanças e Controle Gerencial do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead/UFRJ), Rodrigo Leite, explica que é um quadro multifatorial, fazendo uma analogia, justamente, com patologias. “Para uma doença se espalhar, ela tem que ter um ecossistema”, começa.
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O próprio Governo vê uma grande oportunidade de arrecadação na taxação deste mercado. Somente com as licenças para funcionamento, estima-se um faturamento de R$ 3 bilhões para os cofres públicos. Cada uma custa R$ 30 milhões.
Se somadas as outorgas para funcionamento com a taxação sobre os prêmios e outros impostos, Rodrigo Leite estima uma porcentagem de impostos maior do que a do consumo. “A cada um real que ganham, vão pagar muito mais impostos do que uma empresa normal, até por causa dos malefícios disso. Assim como o cigarro que também paga muito mais impostos”, diz ele
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A influência dos “blogueiros” é tão grande que consiste na maior parte do investimento das casas de apostas, segundo Rodrigo Leite do Coppead/UFRJ. A maior linha de despesa destas empresas, explica, não são os prêmios, são os influencers. “Se ninguém aposta, quanto eu ganho? Nada. Então eu preciso dos influencers. Mas por que ele vai fazer propaganda da casa de aposta X e não a Y? Porque ganha mais. Tem uma receita grande, mas o lucro não é tão alto”, diz o professor.
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Vale a pena faturar com algo nocivo para a população?
Influencers, empresas estrangeiras, políticos, veículos de mídia, clubes esportivos. O mercado de Bets tem interessados o suficiente para que uma proibição, por exemplo, não esteja no horizonte. É uma “caixa de pandora”, como cita Rodrigo Leite, da Coppead/UFRJ. Uma vez aberta, não pode ser fechada.
“Não é interessante pra ninguém proibir. Como você fala pros clubes, pras TVs, pros influencers, que não terão mais essa receita? Que político quer fazer isso? Se fizer, é assinar um atestado de que irá se reeleger. Como você tira R$ 15 bilhões do orçamento? Como você vai abrir mão de uma receita que pode tirar 50% do déficit?”, questiona Leite.
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