Ainda em guerra contra inflação, Selic sobe pela 12ª vez e vai a 13,75%

Profº Rodrigo Leite

Em uma guinada agressiva, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, nesta quarta-feira (3), subir em 0,5 ponto percentual a Selic – taxa básica de juros. Esse é o 12º aumento do indicador, que chega agora a 13,75%, e o maior desde 2016. Entre as justificativas pelo acréscimo está a inflação, que mesmo com a sinalização para uma redução, provocada principalmente pela diminuição dos combustíveis e da energia elétrica, ainda está tirando o sono dos brasileiros.

Esse valor já vinha sendo destacado pelo mercado e por especialistas, principalmente depois da sinalização da última ata. Porém, segundo Hélio Berni, professor de economia do Ibmec BH, a previsão é de que haja mais um aumento em 2022. “O lance é que mesmo com as reduções, quando olhamos para as previsões de um IPCA duro, os valores superam e muito o teto da meta, que hoje é de 5%”, aponta.

O docente acredita, porém, que agora não deve haver tanta influência da guerra entre Rússia e Ucrânia. De acordo com ele, isso já foi precificado nos últimos encontros do comitê. “O mercado hoje entende qual é a consequência do conflito, principalmente no aumento do preço da commodity. Isso já foi tratado pelo Copom em números”, salienta Berni.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, ressalta que o aumento foi o esperado, mas que a decisão não fechou portas para uma nova alta na próxima reunião. Ela lembra que o Copom avalia que, caso seja necessário, o comitê poderá fazer mais um ajuste, de menor magnitude. “Na avaliação do Copom, pesa ainda o fato de as expectativas de inflação do mercado ainda não estarem ancorados e, por isso, a taxa de juros precisa avançar em território ainda mais contracionista”, diz.

Ela acrescenta ainda que o BC revisou suas projeções de inflação, incluindo efeitos tributários das medidas aprovadas. “Apesar de acreditar que não será necessário novo ajuste, considerando os recentes sinais de desaceleração da economia aqui e lá fora e o impacto baixista que ainda veremos nas expectativas de inflação, uma nova alta residual de 0,25 p.p. em setembro não deve ser descartada nesse momento”, reforça a economista.

Na esteira dos conflitos externos, o especialista em Finanças e Controle Gerencial do Coppead (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Rodrigo Leite, concorda que a guerra na Ucrânia não deve ter tido impacto tanto impacto assim na decisão desta quarta-feira (3). Mas, para ele ele, esse deve ser o último aumento do ciclo. Ou seja, uma luz no fim do túnel para os brasileiros.

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